13 junho 2013

Late Jacu, late!

Jacuaçu (Penelope obscura) fotografado por Renato Rizzaro na Reserva Rio das Furnas


Cachorro! Gritaram os alunos ao som do playback do Jacu. Dizem que sua voz se parece com o rufar de tambores, pra nós a gurizada está certa. Jacu late. Extremamente arisco, estático quando percebe um mínimo movimento, quando voa é estabanado, não raro tromba nos galhos entre dois pontos onde resolve cruzar. Temos uma foto onde ele parece um espanador atravessando o espaço. Contudo é elegante e prefere caminhar nos galhos e no chão.

Monógamo, o casal acaricia-se na cabeça como fazem os papagaios; come frutas, folhas e brotos; caça moluscos, gafanhotos, pererecas, porém algum tupi apressado batizou o bicho de Jacu, quer dizer o que come grãos. Os da roça chamam  jacu-véio. Por conta do papo?

A ninhada de dois ou três já nasce de olho aberto e excitada, abre e fecha a cauda, sacode a cabeça como os adultos e na presença do homem acelera estes movimentos ao máximo. 

Aracuã, jacutinga e mutum, seus parentes, são o que de mais nervoso e barulhento existe na Natureza. Exageramos. É um dos grupos mais ameaçados da América Latina, segundo Helmut Sick. O Jacu praticamente desapareceu de São Paulo por conta da destruição das florestas e da caça indiscriminada. 

Certa vez, Fritz Müller escreveu a Darwin: “No inverno frio de 1866 apareceram tantas jacutingas nas baixadas do rio Itajaí que, em poucas semanas, foram mortas aproximadamente 50.000”. Leia: CINQUENTA X MIL. 

Hoje, esse parente do Jacu é raríssimo em Santa Catarina, a História foi esquecida e nós humanos seguimos seguros de que somos os únicos a merecer a eternidade. 


Mas um Jacu ainda late...